segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Espaço vazio

Na linha ténue do horizonte desfaz-se o meu pensamento!

Perco-me a olhar o fim daquilo que a minha vista consegue alcançar. O meu ser é, sem dúvida, maior do que isso. Ele vai muito para além dessa linha imaginária que julgamos ver, o meu ser perde-se para lá desse mundo que conhecemos através dos nosso sentidos. Vivo muitos mais momentos nesse mundo que não vejo, do qual não conheço as cores ou os sons, passo grande parte da minha vida lá. O facto de habitar nesse mundo distante, não quer dizer que me afaste deste mundo onde todos nos encontramos fisicamente e nos reconhecemos. Da janela desse lugar consigo ver claramente cada movimento meu e dos que me rodeiam aqui neste pequeno espaço ao qual chamamos vulgarmente vida...
Cada palavra proferida, cada gesto deslindado, cada olhar indiscreto... tudo isso eu consigo sentir, mesmo quando estou nesse mundo que é apenas meu, onde os únicos habitantes são parte de mim. Lá encontro-me com a alegria, com a insegurança, com o receio, com o medo, com a raiva, com o arrependimento, mas acima de tudo, aprendo a conviver com todos eles...
Olho para a linha do horizonte e o receio percorre o meu sentimento, não vem só... traz a raiva bem lá atrás, escondida. Ela chega devagar e apodera-se da situação sem eu dar por isso.
Nada disto é novo para mim... não sei se aguentarei continuar sentada aqui a ver esta encenação a repetir-se... não é justo para ninguém.
Na força da minha ilusão comprei novamente o bilhete errado e agora aqui estou a ver algo de que já conheço o fim... algo que não queria voltar a repetir...
Que posso eu fazer?! Volto para o lugar onde estou e deixo de me perder no horizonte? Deixo este silêncio que existe em mim e me provoca dores de cabeça? Como conseguirei abandonar esta plateia?

Não sei se o consigo fazer...

Deveria ter comprado o outro bilhete, aquele que me traz sempre a segurança e a paz... Não o fiz. E agora estou aqui sem conseguir calar o receio e a raiva, o receio de tudo não passar de uma ilusão e a raiva de ter voltado a fazer o mesmo.

Um dia não comprarei os bilhetes errados... Um dia perder-me-ei nessa linha ténue do horizonte sem vontade de regressar... nesse dia estarei com os meus braços abertos para te receber, sem receio, sem medo, sem insegurança, sem silêncios...

Que o teu espaço seja sempre respeitado...
Sem mágoas ou sem recentimento...
Ficará eternamente na minha caixinha das memórias a lembrança de um momento eterno...

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